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IGREJA MATRIZ DE SANTA CRUZ

Situada na encosta do Outeiro das Mentiras, a Igreja Matriz de Santa Cruz da Graciosa é um marco na história religiosa da ilha, pois apesar de a atual Matriz ter sido a terceira edificada na ilha, é mais antiga que podemos visualizar presencialmente, uma vez que a primeira foi em grande parte remodelada, e a seguinte demolida. 

O único registo oficial que refere a a igreja como erecta, está datado no ano de 1510. Este registo consta no Testamento de Moor Gonçalves Pereira, relativamente à esposa de Nuno Martins Palha.      

Este testamento referencia que, após morte, o corpo será sepultado em frente ao altar do Espírito Santo, que ainda não se encontrava construído. Este altar seria subsidiado pelos bens da referida esposa e seu marido, como registado no documento. Neste ano só existia uma paróquia, exercendo Frei Gonçalo a função de vigário da ilha.

A vila onde se situa a matriz possui o mesmo nome da igreja, lugar onde o primeiro capitão donatário da ilha, Pedro Correia da Cunha, construiu suas habitações. Denomina-se de Vila de Santa Cruz por ter sido povoada no dia da Invenção da Santíssima Cruz, e também por um dos povoadores ter sido um cavaleiro da casa do rei, natural de da aldeia de Vera Cruz de Marmelar, no Alentejo, sendo o orago também Santa Cruz. Foi elevada a vila no ano de 1486.

Segundo o padre Vital Pereira, a igreja Matriz de Santa Cruz “… já se encontrava ou construída ou em vias de acabamento…” nesta data. Apesar deste facto, a igreja tem sofrido alterações ao longo dos anos. Um dos fatores plausíveis apontados pelo Vital Pereira, terá sido a ocorrência de sismos na primeira metade do século XVIII, que terão afetado a igreja matriz, ficando apenas intacta a nave central. A maior parte do edifício atual é datada do século XVII e XVIII, devido às razões anteriormente apresentadas, e também por necessitar de melhoramentos. A edificação da torre sineira teve começo em 1732, tendo sido concluída em 1743. A fachada é também do século XVIII. As obras de restauração e reconstrução terminaram em 1750, data indicada na fachada da igreja.

 

Todos os anos, na segunda semana de Agosto, realizam-se as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. É a festa religiosa que atrai mais pessoas à ilha, na sua maioria emigrantes. O ponto mais alto da festa consiste numa procissão pela vila de Santa Cruz, em que desloca a imagem de Santo Cristo da Igreja da Misericórdia para a Igreja Matriz. Nas ruas onde passa a procissão, são elaborados tapetes de flores trabalhados pelos devotos. São ainda colocadas colchas feitas à mão, nas varandas das casas. Esta procissão é alvo de muitas promessas, sendo comum observarem-se devotos a percorrerem o trajecto descalços.

O retábulo dourado da Capela-Mor é composto por cinco tábuas quinhentistas de grande valor artístico. Na lateral esquerda da Capela-Mor encontra-se a sexta tábua.  Estas pinturas representam a vida de Cristo: o Caminho do Calvário; a Deposição de Cristo na Cruz; a Invenção da Cruz; a Exaltação da Cruz; o Calvário; e o Pentecostes. Foram pintados na donatária de D. Álvaro Coutinho, possivelmente com o intuito de serem colocados no local onde se encontram.

 

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